Não existe ninguém solto no meu tempo.
Perdi meu espaço preso às minhas amarguras
e música alguma,
agora,
lembra o meu ouvido.
Paixões desfeitas distantes;
vai que não vai que é melhor que não ir,
presentes úteis
e um quê de procura a cada esquina.
Não existe ninguém solto no meu tempo.
Perdi meu espaço preso às minhas amarguras
e música alguma,
agora,
lembra o meu ouvido.
Paixões desfeitas distantes;
vai que não vai que é melhor que não ir,
presentes úteis
e um quê de procura a cada esquina.
Fiz uma ode
em homenagem a ela,
e ela não gostou.
Não importa,
não ficou boa mesmo.
Antes tivesse feito um carinho.
E ela, talvez,
bem de mansinho,
teria me entregue o seu sorriso.
Da poltrona da sala
de meu pequeno apartamento
vejo a chuva cair mansa.
No vidro fantasia da janela
gotas se formavam
e com seu próprio peso
punham-se em movimento
numa corrida frenética
e totalmente sem regras,
gota por gota,
cada uma por si
num bailado vertical sem ensaio.
Nenhum pássaro toca no meu trombone.
Já me fui alegre por vezes,
batuques, risos, requebros.
— Que belo par de ombros!
Ela se foi. Por quê?
Trombone mudo.
Notas falidas já não combinam sons.
Arranjos líricos. Ilúcidos.
— Haverá outras intenções?
Sonhos, sonhos e sonhos;
toque de melancolia.
Sonharei por toda a vida.
— Conseguirás acompanhar-me nos sonhos?
Consideremos o mistério como um elixir da vida.
Os deuses trocam gentilezas
frente ao grande público;
tentam passar gratidão,
fantasias particulares.
Muitos são iludidos.
Felizes, deslumbrados...
A verdade firma-se no horizonte,
e o engodo perde-se pela linha de fundo.
Vai, viola,
viola, os meus sentidos.
Vazia é minha alma,
vis são meus sonhos.
Ouço-te viola viva,
vivo-te vida voraz.
Violo meus sentimentos
vadiando com minha solidão.
Vibra, viola amiga,
vê se alegra
esse vazio coração.